Mundial Sub20: Futebol pouco consistente dita eliminação prematura

Em dia de últimos jogos dos quartos-de-final do Mundial Sub20, faço uma breve análise à participação portuguesa no torneio disputado na Turquia. Portugal foi surpreendentemente eliminado nos oitavos-de-final pela modesta selecção do Gana (2-3), fechando as portas a uma prestação idêntica à do último Campeonato do Mundo onde se sagrou vice-campeão.


Há quem diga que o grupo deste ano era melhor que o da outra vez e que esta eliminação precoce deve ser encarada como muito insatisfatória. A verdade é que estamos perante jogadores e equipa técnica completamente diferentes dos que foram vice-campeões. O grupo deste ano era melhor a nível técnico e individual (Nélson Oliveira era dos poucos jogadores que acrescentavam capacidade técnica há dois anos atrás) e mais experiente a nível competitivo (as equipas B foram importantes nesse aspecto e André Gomes marcou presença nas principais provas europeias). Porém, a vertente defensiva e a união de grupo eram incomparavelmente menores (erros infantis no sector recuado e falhas colectivas e individuais inaceitáveis) e o meio-campo foi quase uma nulidade face ao que se esmerou na América do Sul. Resultado: um conjunto que bem trabalhado poderia ir longe na competição, tal era a qualidade individual - cheguei a afirmar que o verdadeiro teste seria o jogo das meias-finais -, não conseguiu derrotar uma selecção do Gana que soube explorar as debilidades defensivas dos nossos jogadores.

Edgar Borges não está de maneira alguma isento de responsabilidades por esta eliminação prematura, mas o dedo não pode ser apontado apenas ao seleccionador. Enquanto responsável máximo, é o treinador que deve arcar com as culpas pelo fracasso da sua equipa. Algumas questões podem (e devem) ser levantadas em torno do corpo técnico: como se explica a falta de opções para a frente de ataque nacional (Ivan Cavaleiro ou mesmo Bruma não tinham capacidade de substituir Aladje)? Como se explica o sub-rendimento do meio campo português (tinha tudo para ser um dos melhores da competição, devido à qualidade de André Gomes, João Mário, Tozé e Cá)? Como é possível que os erros defensivos (apontados pelo próprio Edgar Borges como o "calcanhar de Aquiles") não tenham sido devidamente minimizados? A rotação dos elementos defensivos durante a fase de grupos parecia ser uma estratégia aceitável para dar minutos e fazer nova avaliação dos jogadores, mas terá tido um impacto negativo? Numa selecção onde o talento individual não escasseava, terá a "fama" afectado o rendimento individual e colectivo?


Jogador que mais se destacou: Bruma foi indubitavelmente o jogador que mais se destacou neste Campeonato Mundial. 5 golos em 4 jogos, tremenda técnica individual e muito evoluído tendo em conta a sua idade, Bruma promete ser uma das "novelas de Verão" devido à indefinição do seu futuro e ao interesse que tem suscitado.

Jogador que mais desiludiu: Para uma selecção de quem se esperava muito mais é natural que haja vários jogadores que possam ser mais facilmente criticados, ainda para mais quando se evidenciaram em bom plano nos seus clubes. André Gomes, pela experiência e qualidade que exibiu no Benfica (parecia esgotado e mentalmente mais vulnerável), João Mário e Ilori, pelo que fizeram no Sporting (equipa B e principal, respectivamente), não estiveram ao nível do que se esperava deles.

Jogador que promete: José Sá talvez tenha sido a maior surpresa desta jovem selecção, mas há que ficar de olho em Aladje, pouco conhecido mas com pormenores interessantes para um avançado com as suas características.

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